A imprensa inglesa.


Sempre tive a sensacao que a imprensa no Brasil vende os escandalos em forma de noticia ate que esgota a todos (leitores e imprensa). Ai, o acompanhamento e resultados sao deixados de lado, "esquecidos". Assim sao todos os escandalos. 'E como um diretor de cinema gravar um filme sem continuista. Sempre que posso escuto os comentarios do Arnaldo Jabor pelo site da CBN e vejo que ele tenta retomar os assuntos e pergunta: "porque ninguem mais fala sobre isso?". Pois 'e, nao sei se a imprensa "esqueceu" ou se os brasileiros se desinteressaram e, por isso, a imprensa nao comenta (o que nao interessa nao vende).

O que me motiva a escrever sobre este assunto 'e o caso do brasileiro morto no metro de Londres (Jean Charles de Menezes). Nao sei como anda a cobertura deste caso pela imprensa brasileira, mas por aqui toda semana tem uma reportagem no jornal sobre o andamento do caso. Parece que aconteceu ontem. Quando falo que sou brasileiro, este 'e um dos primeiros assuntos que surgem.
A imprensa aqui nao 'e uma maravilha nao. Os ingleses gostam mesmo 'e de uma fofoca. Sao fanaticos em ver as celebridades "pagando mico" bebados em festas e top less em praias. Nao perdem uma oportunidade de fofocar. Grande parte dos jornais sao distribuidos gratuitamente e este tipo de "noticia" vende muito. A onda agora 'e o divorcio da Madonna. Sera que vai bater o recorde do divorcio do Paul McCartney (24.3 milhoes de libras, R$87.7 milhoes)? O Guy Ritchie recusou a oferta de 20 milhoes de libras da Madonna e ela contratou o mesmo advogado que cuidou do divorcio do "Macca" (como eles o chamam aqui). Mas, apesar de toda a fofoca, eles dao continuacao `as materias que divulgam ate o fim e, depois que acabam, ainda relembram o aniversario de tantos anos que a noticia aconteceu. Em relacao a isso, a gente poderia aprender um pouquinho com eles. Como anda a cobertura do caso Menezes no Brasil? Voces acreditam que falam deste assunto no Brasil espontaneamente ou so porque 'e noticia frequente aqui na Europa?

7 comments:

Rodrigo said...

Esporadicamente, a imprensa brasileira divulga alguma notícia sobre o caso "de Menezes". De uma maneira geral, aos brasileiros interessa mais saber as circunstâncias em que ocorreu a tragédia do que quem será responsabilizado e que medidas serão tomadas para evitar que algo assim ocorra novamente.
Não podemos esquecer que os veículos de comunicação tem por objetivo atrair o maior número de leitores/espectadores/ouvintes possível, para, daí, conseguir mais contratos de propaganda, de onde eles tiram seu sustento (lucro). É uma questão de sobrevivência.
Portanto, beira à ingenuidade exigir uma postura diferente deles.
Compete a nós (leitores/espectadores/ouvintes) assumir uma postura mais crítica em relação às notícias, prestigiando (comprando) os meios de comunicação que têm algum compromisso com a ética e com a justiça social. É quase como votar hoje em dia: muitas vezes temos que escolher o menos pior ao invés do melhor.
É por isso que eu assisto ao SuperPop da Luciana Gimenez, na RedeTV: utilidade e qualidade a serviço da sociedade. BLÉIN-BLÉIN!

Ziriba said...

A Luana Piovani acabou com o Dado Dolabella.

Marcus said...

A "matéria" escrita pelo comentarista profissional Rodrigo, como primeiro comentário sobre a "A imprensa inglesa", é do nosso Rodrigo A. Martins de Lima?
Se for, parabéns ao sobrinho! Muito bem abordado o comentário, a ponto de eu NADA mais ter para dizer. Qualquer comentário extra só iria prejudicar, tenho certeza.
Muito bom, Cláudio, o teu "depoimento".

Valeu, saúde e felicidades,.......Marcus

Unknown said...

Já tem um tempinho que eu não vejo a imprensa falando sobre esse caso. No momento estão dando mais ênfase naquele caso de cárcere privado, que é recente. Alguns meses atrás só se comentava do caso da menina que foi jogada pela janela, que agora já não falam muito. Acabo escutando mais sobre o caso do Jean Charles nas aulas de Direito Internacional do que nas notícias do andamento do caso.
Muito boa a sua postagem.
Beijos,
Luiza.

João Pedro Abreu said...

Não sei não...eu coloco a Olívia todo dia para fora da janela e não aparece nenhuma equipe de reportagem, nenhum carro do GATE, nem o pessoal da imprensa mais sanguinolenta, ninguém do jornaleco da esquina.

A Pat volta e meia anda pela casa com os peitos de fora e nenhuma fotinho é tirada. Nada cai na internet.

Eu que pensava que 20 acessos diários no blog da Olívia era muito.

Laura B. said...

Conhece um sambinha antigo do Roberto Silva(?) chamado "Jornal da Morte"? O título da música é auto-explicativo e a letra é assim:

"Vejam só este jornal
É o maior hospital
Porta-voz do bangue-bangue
E da polícia central

Tresloucada, semi-nua
Jogou-se do oitavo andar
Porque o noivo não comprava maconha pra ela fumar

Um escândalo amoroso com os retratos do casal
O bicheiro assassinado em decúbito dorsal

Cada página é um grito
Um homem caiu no mangue
Só falta alguém espremer o jornal
Pra sair SANGUE, SANGUE, SANGUE"

Mandei pro seu e-mail. Mundo bizarro, né? Onde fui amarrar meu jegue...

kaki said...

Querido cunhado, a sua dúvida é muito pertinente até porque és brasileiro e como um bom brasileiro "não desiste nunca" (rsrsrs). Mas infelizmente a imprensa aqui não é muito diferente da inglesa, pois o vende, é o que agride, é que tem maior impacto é o que enche os olhos.........

Aqui, Jean Charles de Menezes não é notícia há um bom tempo, mas pode ter certeza de que quando estourar algo por aí referente a este assunto, a imprensa aqui claro, vai no embalo..........aí sim aqui vai ser notícia. Sabe qual o problema? A memória do brasileiro é momentânea, pois a notícia que interessa é a que está na TV e curta pelo simples fato de nos preocuparmos com o supérfluo.

Esta postura é a que mais envergonha, é a que mais enoja, pois Jean era um brasileiro que sem perspectiva no seu país, foi em busca de uma vida melhor na Inglaterra e por um erro da polícia, perdeu sua vida trabalhando. Jean será agora, mais um brasileiro morto do exterior e esquecido por seus compatriotas.

O povo tem o governo e a imprensa que merecem. Assim te digo com algum conhecimento, de que a imprensa de forma geral (ressalvados os casos das que se baseiam na ética profissional) se sustenta pela carência de um povo desempregado com vontade de justiça, pela falta de perspectiva de um povo faminto, o qual não sabe o que irá comer no dia seguinte e pelo completo desamparo a um povo doente, mas que ainda sonha, como todo brasileiro, com um sistema de saúde que possa atender de forma ampla, irrestrita e digna todos os brasileiros.

Beijocas Fayga.